Arte pós-moderna inspirada pela Globalização

4 Jul

O espanhol Antonio Moyano há 07 anos retrata efemeridade da aldeia global em sua arte reciclada

Antonio Moyano

Antonio Moyano

No final do século passado iniciou-se a globalização, fenômeno reconhecido e seguidos pelos países do globo e sua decorrente atividade econômica, o capitalismo. Com ele, questões triviais incluídas diretamente e indiretamente afetam o cotidiano de nossas vidas: aceleração do consumo, relações interpessoais, urbanidade, meio ambiente, aspectos sociais, políticos e culturais.

Sem dúvida, herdamos mudanças climáticas, depredações ambientais e lixo (sendo ele eletrônico ou não) em favor da ascensão das economias. São fatores problemáticos que requerem cuidados. Preocupado em reutilizar o que é descartável, o artista Antonio Moyano, 37 anos, natural das Ilhas Baleares, região da Catalunha na Espanha, atualmente reside em Barcelona e oferece uma entrevista exclusiva ao Blog.

Sua arte é pós-moderna. De onde vem à inspiração?

Moyano: Bem, creio que comecei a falar de arte pós-moderna porque sou de 1976. Mas, a partir do ano 2000 acredito que estamos de fato inseridos no processo de globalização, assim o artista de hoje é bem influenciado, vive e cria a sua própria globalização. De acordo com meus ex-professores e doutores em Belas Artes de Barcelona, o que se fazia antigamente era pintura de últimas tendências e acredito que esse processo melhorou evoluiu.

Desde quando você tem interesse pela arte?

Moyano: A partir dos cinco anos comecei a pintar e aos 16 anos sabia que era isso que queria. 

Esses tipos são: pinturas, gravuras e esculturas?

Moyano: Pintura, escultura, arte, desenho, gravura, um pouco de tudo. Fiz várias exposições por muitos anos. Também me interesso em todos os novos meios de comunicação que levaram a videoarte e a influência da Internet.

Como se deu a preocupação em transformar lixo em arte?  

Moyano: Ao sair de casa, percebia coisas pela metade, pequenos tesouros. Via algo quebrado ou que estava em perfeitas condições, como pernas de um manequim, uma luva que alguém perdeu no metrô, um extintor de incêndio…

Os colegas que moravam comigo para dividir as despesas, achavam que era uma doença minha porque sempre que chegava em casa, trazia algo novo. Eles que me falaram para transformar em arte. Quando residi em Berlim no ano de 2006, aprendi com os alemães a reciclar o lixo. Desde crianças eles são ensinados a coletar. Uma pessoa, em especial do Drap Art Festival expôs meu trabalho e me indicou a expô-los no Centro de Cultura Contemporânea de   Barcelona. Como criei mais consciência a respeito da importância de reciclar os materiais para deixar o planeta mais sustentável. Gosto de passar essa ideia pra frente é algo que temos de fazer juntos. E trabalho nisso até hoje.

Crê que a Espanha oferece espaço para os novos artistas?

Moyano: Me formei na Universidade de Barcelona no curso de Licenciatura em Artese depois estudei Aptidões Pedagógicas na Universidade Politécnica de Barcelona. Mesmo se não tiver espaço aqui, temos de criar trabalho local porque sempre haverá prós e contras, por exemplo, artistas que viveram ou vivem durante uma guerra e pintam, têm tido muito mais dificuldade do que nós. A Espanha, sendo um dos berços dos maiores pintores do mundo e da história, não está à altura das circunstâncias enquanto em termos de cobertura e projeção dos artistas, nem temos nenhum tipo de prestação social por desemprego (sendo licenciados ou não) para não subir para a ocasião, em termos de cobertura e projeção dos artistas, nem temos qualquer benefício social de desemprego (sendo licenciado ou não), nem menos para qualidade “artista”, como por exemplo, um médico, um policial, um bombeiro, um chef ou um mecânico de automóveis, que se fazem e creio que ainda tem de avançar muito mais. Dessa forma, como nos países do Norte Europeu, onde um “artista” tem os mesmos direitos de qualquer outro tipo de profissão (em alguns até mais). Mesmo assim, se, oferecem espaços para novos artistas e ajuda específica, é claro que podemos ir para frente.

Quais artistas você mais admira? Há algum em particular que é brasileiro? Por quê?

Moyano: Bem, qualquer um dos grandes nomes que passaram pela história. Minhas influências mudaram desde minhas origens e nos últimos sete anos. Talvez, eu impulsiono meu trabalho para o conservar puro com sua própria alma, deixando-me influenciar dia após dia. Assim , os últimos que eu tive influência foram: Miquel Barceló, Khristo, Jeff Koons, Pollock, Basquiat, Damien Hirst ou Cunningham, Andy Warhol, Botero, Gauguin, Lucian Freud, Turner e Bacon. Não posso deixar de admirar Antonio López. Depois, há “vidas” (além de seu trabalho) de artistas que eu tenho sempre presente, como Dali, Goya, Sorolla, Picasso, Matisse, Frida Khalo, Rafael e Van Gogh. Sem falar, nos artistas modernos que considero e os admiro muito. Quanto ao Brasil, recordo de uma que pessoalmente me influenciou quando estava no último ano da universidade, Tarsila do Amaral. Junto com os muralistas mexicanos: Siqueiros, Diego Rivera e Frida Kahlo. Fiquei bastante impactado e influenciado com a série “Canibalismo” de Tarsila. Passei vários anos pintando uma espécie de Naif que possuía um doçura plástica muito original e diferente do Naif europeu que preservava as raízes da pintura e da paleta que era única, como se ele e sua pintura tivessem um conceito por tras dessa beleza simplista, consciencia que só os sábios possuem.

Os brasileiros que se interessaram pelo teu gosto artístico e quiserem comprar uma obra…

Moyano: Atualmente não tenho realizado exposição no Brasil, mas já tive algumas ofertas. Por agora, só será possível através da internet http://hmoyanotheofficialchannel.blogspot.com.es/ ou http://hmoyanotheofficialch.wix.com/hmoyano

Breve resumo de sua vida: O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? Que tipos de livros e filmes prefere?

Moyano: Na verdade é que estou sempre trabalhando na criação de uma forma ou de outra, e passo anos sem férias de verdade, mas tenho alguns passatempos. Viajar para mim é uma necessidade e acho que estou ainda no processo de formação e aprendizajem. Isso é o que eu faço no meu tempo livre. Claro, que a influência da Internet e da comunicação fazem parte da expansão do meu trabalho. Gosto de cozinhar e de ir a museus de arte ou assistir aos show ao-vivo, assim como ver os filmes de drama e superproduções. Meus diretores favoritos são: Pedro Almodóvar, David Lynch e Wood Allen. Estar em contato com animais e a natureza, inclusive um passeio no campo também refletem meu dia-a-dia.

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